sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Prudência com a volta às aulas

 

Diante das evidências científicas disponíveis, é acertada a decisão da Prefeitura de São Paulo de adiar a volta às aulas. De acordo com as orientações do governo estadual, as escolas públicas e privadas da cidade poderiam retornar às atividades presenciais no dia 8 de setembro. No entanto, a administração municipal entendeu ser temerário reabrir as instituições de ensino no próximo mês. “Retomar as aulas nesse momento, para a prefeitura de São Paulo, significaria a ampliação do número de casos, a ampliação em consequência do número de internações e do número de óbitos”, disse o prefeito Bruno Covas. Num momento em que políticas públicas são motivadas por achismo e populismos, é alvissareiro que a Prefeitura se baseie na medicina. Sempre, as especialmente numa pandemia, a ciência é elemento necessário na identificação e realização do interesse público.

Para tomar a decisão sobre as aulas presenciais, a Prefeitura realizou inquérito sorológico com 6 mil estudantes entre 4 e 14 anos da rede municipal. O estudo identificou que 16,1% dos jovens testados têm anticorpos para o novo coronavírus. Além disso, do total dos jovens avaliados, 64,4% são assintomáticos para a covid-19. Tais percentuais revelam que eventual reabertura das escolas no próximo dia 8 de setembro representaria um risco muito alto de disseminação do novo coronavírus. Ou seja, muito do esforço que se tem feito desde março com o isolamento social poderia ser perdido, com sérios riscos para toda a população.

A Prefeitura de São Paulo anunciou que, para a definição de uma possível volta às aulas em outubro, fará mais três estudos, que incluirão também alunos de instituições privadas e da rede estadual. Nesses novos estudos, a administração municipal pretende colher informações sobre a contaminação dentro das famílias. A Prefeitura estima que 25,9% dos alunos da rede municipal (cerca de 250 mil crianças) moram com pessoas acima dos 60 anos. Com isso, a volta às aulas colocaria em perigo muitos idosos e pessoas em grupo de risco da covid-19.

Como que a corroborar o acerto da decisão da Prefeitura, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez recentemente uma série de recomendações para o retorno ao ensino presencial, mostrando que o tema exige muito cuidado das autoridades públicas. Segundo o diretor de emergências da entidade, Michael Ryan, é necessário implementar uma política de rastreamento e isolamento das pessoas infectadas pela covid-19 e de quem esteve em contato com elas para a reabertura das escolas. “Se queremos a volta às escolas, se queremos que as sociedades voltem ao normal, precisamos pôr um foco maior em identificar e testar casos suspeitos, identificar todos que tiveram contato com esse caso e pedir que se isolem em quarentena por 14 dias”, disse.

Além da necessidade dessas medidas para o controle da transmissão do novo coronavírus, a OMS alertou que a falta de colaboração dos cidadãos em seguir as recomendações sanitárias causa aumento da taxa de infecção da doença. “Vigilância ruim e rastreamento de contatos mal feito, junto com participação da comunidade imperfeita na redução de riscos, é uma mistura muito, muito perigosa”, disse o diretor de emergências da OMS.

O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (SIEEESP) criticou o adiamento das aulas presenciais e pretende contestá-lo judicialmente. Cabe ao Judiciário respeitar e proteger a decisão da Prefeitura, sem adicionar novas inseguranças a um cenário por si só já conturbado e com muitas incertezas. Além de estar baseado em evidências científicas, o adiamento é exercício responsável das competências que a Constituição de 1988 atribuiu à esfera municipal. Tal como reconheceu o Supremo Tribunal Federal (STF), o cuidado com a saúde pública é uma competência comum da União, dos Estados e dos municípios. Se a volta às aulas coloca em risco a saúde da população, o prefeito tem o dever de adiá-las. Governar é exercício de responsabilidade, exigindo não poucas vezes decisões impopulares, mas necessárias.   

PEREIRA, Antonio Carlos. Notas & informações. A3. Jornal: O Estado de S. Paulo. Sexta-feira, 21 de agosto de 2020.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA COM GABARITO E DESCRITORES CORRESPONDENTES

 

Texto I – Meus oito anos- Casimiro de Abreu

 

Meus oito anos

Casimiro de Abreu

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
De despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d´estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias de minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

[…]

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Enciclopédia Itaú Cultural – Literatura Brasileira. Disponível em www.itaucultural.org.br.


Casimiro de Abreu (1839 -1860) nasceu no Estado do Rio de Janeiro. É um dos poetas mais conhecidos do Romantismo. Sua poesia, marcada pelo pessimismo e pelo saudosismo nacionalista, está resumida na obra “As Primaveras”, publicada em 1859.

 

Leia, atentamente, o poema de Casimiro de Abreu.

 

 

ATIVIDADES DE LEITURA

 

1. No poema, o sentimento que predomina é:

a) Alegria.

b) Saudade. (X)

c) Tristeza.

d) Frustração.

e) Revolta.

D4

 

2. A estratégia usada para expressar este sentimento é:

a) Repetir várias vezes a ideia de adormecer, de anoitecer.

b) Evocar imagens do mar e do céu para representar o inatingível.

c) Repetir o verso “Oh! Que saudades...”, na 1ª e na última estrofe. (X)

d) Descrever as belezas da natureza da infância perdida.

e) Lamentar o passado, os anos perdidos, durante a sua infância.

 

D19

3. Releia:

 

Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

 

3.1. No segundo verso, há uma metáfora que pode ser apresentada pela seguinte

expressão:

 

a) A vida é uma manhã de sol.

b) O sol é alegria da vida.

c) A infância é luz.

d) A saudade é como um amanhecer.

e) A aurora é o início da infância. (X)

3.2. A outra expressão metafórica do texto correspondente ao verso grifado

acima é:

a) “a minha infância querida”.

b) “os anos não trazem mais”.

c) “o despontar da existência.” (X)

d) “que noites de melodia”.

e) “aquelas tardes fagueiras”.

 

D4

4. Considerando a leitura do poema, podemos afirmar que o sujeito lírico é masculino. Comprove, com versos do poema, esta afirmativa.

Na quinta estrofe, os versos “Livre filho das montanhas, /Eu ia bem satisfeito,” confirmam que é masculino o sujeito lírico. As palavras “filho” e “satisfeito” é a marca linguística que define isso.

 

D1

 

5. Retire do poema um exemplo de:

a- Inversão:

“Respira a alma inocência” (verso 3, segunda estrofe).

b- Antítese:

A oposição entre dia e noite: o dia representa o movimento, a alegria; a noite, o folgar ingênuo, o descanso, o sonho.

A oposição entre o presente e o passado: “Em vez de mágoas de agora/eu tinha nessas delícias/de minha mãe as carícias/E os beijos de minha irmã.”/ “Que doce a vida não era/Nessa risonha manhã!/ Em vez de mágoas de agora...”.

 

D19

 

6. Para representar a infância como uma época de felicidade, o poeta se vale de inúmeras imagens poéticas. Identifique, pelo menos, duas dessas imagens.

A imagem da aurora, da luz que antecede o nascer do sol, para representar a felicidade da infância, definida pelo poeta como o despertar da existência.

A imagem do lago sereno, para representar uma fase de acolhimento, proteção e tranquilidade.

A imagem da primavera com suas flores e cores, para representar a alegria da infância.

A imagem da flor, para representar a inocência.

7. Em muitas estrofes do texto, o sujeito lírico revela e justifica o que sente. Que

justificativas ele apresenta para as saudades que declara sentir da infância?

O sujeito lírico sente saudades da infância e esse sentimento se justifica pelo fato

de ser a infância um tempo de amor, de sonhos, de contato mais intenso com a

natureza, um tempo em que nos sentimos protegidos pela família e vivemos mais

serenamente, sem preocupações. Somos livres para brincar, viver. Enfim, somos

mais felizes.

 

D4

 

8. Comente o ponto de vista assumido pelo sujeito lírico para expressar seus

sentimentos. Como você avalia essa forma de ver a infância?

Resposta pessoal.

Texto II – AI QUE SAUDADES... - Ruth Rocha

 

A forma idealizada como os poetas românticos abordaram a realidade provocou inúmeras paródias de seus textos. O próximo texto que vamos ler dialoga com o texto de Casimiro de Abreu. É uma paródia, estratégia muito utilizada como exercício de crítica e contestação, como vimos na Oficina 6 do Guia 1. Leia atentamente o texto de Ruth Rocha para responder às atividades propostas.



Ruth Rocha nasceu em 1931, em São Paulo. Publicou o primeiro livro em 1976. É uma escritora muito importante da Literatura brasileira contemporânea.

 

AI QUE SAUDADES... Ruth Rocha

Ai que saudades não tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais...
Me sentia rejeitada,
Tão feia, desajeitada,
Tão frágil, tola, impotente,
Apesar dos laranjais.

Ai que saudades não tenho
Da aurora da minha vida,
Não gostava da comida
Mas tinha que comer mais...
Espinafre, beterraba,
E era fígado e era fava,
E tudo que eu não gostava
Em porções industriais.

Como são tristes os dias
Da criança escravizada,
Todos mandam na coitada,
Ela não manda em ninguém...
O pai manda, a mãe desmanda,
O irmão mais velho comanda,
Todos entram na ciranda,
E ela sempre diz amém...

Naqueles tempos ditosos
Não podia abrir a boca,
E a profe s sora era louca,
Só queria era gritar.
Senta direito, menina!
Ou se não, tem sabatina!
Que letra mais horrorosa!
E pare de conversar!

Oh dias da minha infância,
Quando eu ficava doente,
Ou sentia dor de dente,
E lá vinha tratamento!
Era um tal de vitamina...
Mingau, remédio, vacina,
Inalação e aspirina,
Injeção e linimento!

E sem falar na tortura:
Blusa de gola engomada,
Roupa de cava apertada,
Sapatinho de verniz...
E as ordens? Anda direito!
Diz bom dia pras visitas!
Que menina mais sem jeito!
Tira o dedo do nariz!

Que aurora! Que sol! Que nada!
Vai já guardar os brinquedos!
Menina, não chupe os dedos!
Não pode brincar na lama!
Vai já botar o agasalho!
Vai já fazer a lição!
Criança não tem razão!
É tarde, vai já pra cama!

Vê se penteia o cabelo!
Menina se mostradeira!
Menina novidadeira!
Está se rindo demais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Ruth Rocha no livro O mito da infância feliz.

ATIVIDADES DE LEITURA

 

Agora que você já leu o poema “Ai que saudades...”, de Ruth Rocha, responda às questões abaixo:

 

1. Qual é o tema do poema?

O tema do poema é a infância.

 

D6

 

2. Com base na leitura do poema, identifique e descreva o sujeito lírico. Comprove a sua resposta a partir de versos do poema.

O sujeito lírico é feminino. Uma pessoa adulta fala, expõe seus sentimentos. Na

primeira estrofe, encontramos versos que comprovam isso. Por exemplo: “Me sentia rejeitada...”

D1

3. O uso de reticências no título e em outros versos pode ter um sentido. Com

que objetivo a poeta pode ter usado esta estratégia?

As reticências foram usadas para marcar uma interrupção do discurso, uma mudança de perspectiva ou orientação discursiva. No texto elas promovem uma

pausa, a partir da qual o sujeito lírico rompe com a expectativa criada pelo que foi dito anteriormente.

 

D17

 

4. Leia a informação abaixo:

Algumas vezes, o autor coloca, explícita ou implicitamente, uma outra voz, no

texto, cujo entendimento depende de o leitor ter, em seu repertório, conhecimento de um outro texto. É o que se costuma chamar de intertextualidade. (Abreu, Antônio Suarez. Curso de Redação. Editora Ática, São Paulo:1996)

A intertextualidade é um recurso usado por Ruth Rocha. Como foi usado este

recurso e com que intenção?

A intertextualidade é uma estratégia usada por Ruth Rocha com o objetivo de construir sentidos. Ruth Rocha dialoga com o texto de Casimiro de Abreu, retomando o tema da infância, com o objetivo de criticar a atitude romântica de

idealizar a infância.

 

5. A ironia é outra estratégia usada por Ruth Rocha com o objetivo de construir um efeito de humor, crítica. Identifique e explique o uso de ironia no poema.

Encontramos uma ironia no título “Ai que saudades...”. Percebemos o uso deste recurso, apenas quando lemos e entendemos o sentido global do poema. Na primeira estrofe, a ironia se torna evidente, quando a descrição do estado de ânimo do sujeito lírico se contrapõe aos sentimentos de saudades da infância querida.

Os adjetivos “rejeitada, feia, desajeitada, frágil, tola, impotente” revelam que a

infância foi um momento triste que não vale a pena ser lembrado.

D16

6. No poema, a autora faz algumas críticas. Identifique a crítica feita à escola e

à família.

Em família, a criança não tem vontade própria, é obrigada a comer sem gostar, é uma “criança escravizada”. Na escola, a criança não tem liberdade de expressão, não pode falar: “Não podia abrir a boca”.

D4

7. A metáfora da infância como aurora, como uma fase feliz da existência é

questionada por Ruth Rocha, que apresenta um posicionamento diferente a esse

respeito. Que argumentos a autora utiliza em seu poema para desconstruir essa

visão?

Nos versos “Que aurora! Que sol! Que nada!”, o posicionamento da autora fica

claro. São muitas as justificativas para essa visão da infância. A repressão à alegria e à liberdade obscurece o brilho do sol e não há aurora. Um exemplo: o espaço da brincadeira se desfaz no momento em que a criança, ao invés de brincar, deve cuidar de seus brinquedos.

D8

8. Um neologismo é uma nova palavra, criada, inventada. Em qual dos versos há

um neologismo?

a) “E era fígado e era fava”.

b) “Naqueles tempos ditosos”.

c) “Ou se não, tem sabatina.”

d) “Inalação e aspirina”.

e) “Menina se mostradeira”. (X)

9. Sobre a linguagem dos dois poemas é possível dizer que:

a) Ambos os poemas são escritos num registro formal da linguagem.

b) Ambos os poemas têm muitas inversões sintáticas que prejudicam sua

compreensão.

c) A linguagem coloquial é um traço marcante do poema de Ruth Rocha. (X)

d) O texto de Casimiro de Abreu é mais informal que o de Ruth Rocha.

e) Somente Casimiro de Abreu preocupa-se com a métrica e a rima em seu poema.

 

D7 - IDENTIFICAR A TESE DE UM TEXTO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

 

QUESTÃO 01 - Leia o texto abaixo.

Horóscopo – o canal certo

Data estelar: Marte ingressa no signo de Touro; Lua é quarto crescente no signo de Virgem.

 

Enquanto isso, aqui na Terra a grande confusão de nossos dias não se resolve com dinheiro, mas pelo estabelecimento de bons relacionamentos, privilegiando a cooperação mútua e colaboração. Há mais vida à disposição, vida mais abundante, mas acontece que esta só se manifesta de forma harmoniosa circulando através de grupos de pessoas e não individualmente. Quanto mais as pessoas se isolam e tentam distinguir-se umas das outras, separando-se e distanciando-se, mais destrutiva seria para elas essa vida mais abundante,

mais confusas se tornam suas experiências também. O estabelecimento de laços de cooperação fornece o canal adequado para essa vida mais abundante, expressando-se como bem-estar, felicidade e prosperidade.

Correio Braziliense, 31/maio/2009

 

A ideia defendida nesse texto é que

A) a felicidade e a prosperidade são consequências.

B) as pessoas não devem isolar-se.

C) o dinheiro não resolve todos os problemas.

D) o isolamento torna as experiências confusas.

E) os laços de cooperação dão mais harmonia à vida.

 

QUESTÃO 02 - Leia os textos abaixo e responda.

Desmatar não vale a pena

 

Desmatar é ruim, mas traz crescimento econômico. Isso é o que fizeram você acreditar durante muito tempo. A realidade é bem diferente. O modelo de ocupação predominante na Amazônia é baseado na exploração madeireira predatória e na conversão de terras para agropecuária. É o que eu chamo de “boom-colapso”: nos primeiros anos da atividade econômica baseada nesse modelo, ocorre um rápido e efêmero crescimento (o boom). Mas, em seguida, vem um declínio significativo em renda, emprego e arrecadação de tributos (o colapso). A situação de quem era pobre fica ainda pior.

Esse modelo é nefasto em todos os sentidos. O avanço da fronteira na Amazônia é marcado pelo desmatamento, pela degradação dos recursos naturais e, se não bastasse tudo isso, pela violência rural.

Em pouco mais de três décadas, o desmatamento passou de 0,5% do território da floresta original para quase 18% do território, em 2008. Além disso, áreas extensas de florestas sofreram degradação pela atividade madeireira predatória e devido a incêndios florestais.

VERÍSSIMO, Beto. Galileu. set. 2009. Fragmento.

 

Nesse texto, o autor discorda de qual tese?

A) “Desmatar é ruim, mas traz crescimento econômico.”. (. 1)

B) “É o que eu chamo de “boom-colapso”: nos primeiros...”. (. 4)

C) “A situação de quem era pobre fica ainda pior.”. (. 7)

D) “Esse modelo é nefasto em todos os sentidos.”. (. 8)

E) “O avanço da fronteira na Amazônia é marcado...”. (. 8-9).

 

QUESTÃO 03 - Leia o texto, abaixo e responda.

 

Preferência alimentar das crianças é altamente influenciada pelos desenhos nas embalagens dos produtos

Estudo desenvolvido na Universidade da Pensilvânia mostrou que o sabor dos alimentos nem sempre é fator decisório na hora de escolher a marca. Quem faz a melhor embalagem é quem vende mais.

Redação Época

 

Um estudo feito pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, descobriu que as crianças são altamente influenciáveis pelos desenhos contidos nas embalagens de produtos alimentícios e tendem sempre a preferir aqueles que contenham representações de seus personagens preferidos, não importando qual seja o sabor do alimento. Embalagens com desenhos famosos, como Shrek ou os pinguins do filme Happy Feet, fazem as crianças terem hábitos errados de alimentação.

“Personagens comerciais fazem com que seja mais fácil para as crianças lembrarem e identificarem os produtos. São uma identidade visual”, afirma Sarah Vaala, uma das autoras da pesquisa. O problema, diz ela, é que a indústria de alimentos usa isso de forma errada, colocando nas embalagens dos produtos menos saudáveis e nutritivos os desenhos mais populares entre as crianças.

“As crianças transferem sua preferência pelo personagem para o produto e querem comprá-lo mais (que outro que até tenha um gosto melhor)”, disse Vaala. “O que queríamos saber era se essa preferência se refletia também no sabor do produto; se colocando esses personagens as empresas estavam, na verdade, influenciando subconscientemente o julgamento das crianças”.

Para comprovar a tese, os pesquisadores convidaram 80 crianças entre quatro e seis anos para fazer um teste de sabor cego. Colocaram, em quatro embalagens, o mesmo cereal – um tipo saudável e que não costuma ser vendido em supermercados –, sendo que em duas dessas embalagens lia-se “flocos saudáveis” e, nas outras duas, “flocos doces”. Também em uma embalagem de cada suposto tipo de flocos foram desenhados personagens do filme Happy Feet.

O resultado mostrou que as crianças tendiam a preferir o conteúdo das embalagens com os desenhos e, dentre essas duas, aquela que continha o aviso “flocos saudáveis”. Segundo os pesquisadores, esse fato talvez seja explicado pelo fato de que, desde muito pequena, a criança é ensinada que comer produtos com mais açúcar faz mal. [...]

Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0, ,EMI216938-15257,00-PREFERENCIA+ALIMENTAR+DAS+ CRIANCAS+E+ALTAMENTE+INFLUENCIADA+PELOS+DESENHOS+ .htm> Acesso em: 10 mar. 2011.

 

A oração “Para comprovar a tese” introduz a

A) causa do fato presente na oração seguinte.

B) condição do fato expresso na oração seguinte.

C) consequência do fato presente na oração seguinte.

D) finalidade do fato apresentado na oração seguinte.

E) conclusão do fato sintetizado na oração seguinte.

 

Leia o texto abaixo.

VÍNCULOS

 

Outro dia recebi pela internet aquele filmezinho que já rodou muito por aí, “Filtro solar”. A versão original até hoje me emociona. É tudo bastante simples, mas a voz segura do locutor americano, a ótima edição de imagens e a música vibrante — nada a ver com as músicas cafonas dos abomináveis power points — fazem com que o texto cresça também. Gosto especialmente da parte que diz que quanto mais você envelhece, mais precisa das pessoas que o conheceram na juventude.

Ainda estou a uma distância segura da decrepitude, mas já não sou garota e cada vez tenho mais consciência da importância do meu passado na construção de quem sou hoje, e, portanto, carrego minha folha corrida sempre comigo, não importa o quanto pese — e o passado sempre pesa.

Mas sem ele, quem somos? Valem nada nossas conquistas se não temos ao lado aqueles que testemunharam o quanto a gente batalhou pra chegar até aqui. E nossas derrotas só merecem ser choradas nos ombros daqueles que nos conhecem tão profundamente que sabem mais do que nós as razões da nossa dor. Quem nos conheceu ontem, não consegue perceber a verdadeira dimensão do que nos comove.

Amigos novos são bem-vindos, trazem frescor à nossa vida, mas há certos momentos em que precisamos de um espelho humano, alguém em quem possamos nos refletir e avalizar nossa origem e identidade. Estes espelhos geralmente são nossos pais, irmãos e os "velhos amigos", mas pode ser também uma fruta que você colhia no pátio da casa da sua infância, pode ser um fusca que você não tem coragem de vender, pode ser um anel que foi da sua avó e que hoje está no dedo da sua filha. Pode ser qualquer coisa que te leve pra trás e te traga de volta, assegurando quem você é — e sempre foi.

Apesar deste papo meio poético, tudo isso me veio à cabeça não por causa de uma lembrança terna, mas de uma lembrança selvagem: foi escutando o novo disco dos Rolling Stones que cheguei até este tema. Os velhinhos continuam possantes, parece que as últimas décadas não passaram pra ninguém, me vi ainda solteira, no meu quarto, escutando “Tatoo You”, disco de 1981, e agora ouço o vigoroso “A bigger bang” e parece que foi ontem, e é hoje, e seguimos os mesmos.

Vínculos. Um conforto para o que nos amedronta tanto, que é a passagem do tempo.

http://www.velhosamigos.com.br/Colaboradores/Diversos/marthamedeiros.html

 

QUESTÃO 04 – Qual é a tese defendida pela autora desse texto?

A) a lembrança de uma fruta colhida no quintal pode remeter ao passado.

B) As relações antigas nos ligam aos fatos que vivemos no passado.

C) O envelhecimento necessita dos amigos da juventude.

D) Os amigos novos são o frescor do envelhecimento.

E) a audição de uma música de rock melhora a reflexão sobre o tempo.

 

QUESTÃO 05 - Leia o texto abaixo e responda.

 

Retratos brasileiros

Terra Brasil. Araquém Alcântara, Ed. TerraBrasil, 248 págs., R$ 149.

 

Esse livro é uma reedição ampliada do original lançado em 1998 e que ainda hoje é considerado um dos maiores best-sellers da área de fotografia do Brasil, com 82 mil exemplares vendidos em 11 edições. Como também é o primeiro registro visual de todos os parques nacionais brasileiros, tornou-se referência entre fotógrafos, ambientalistas e viajantes.

Na época do seu primeiro lançamento, o Brasil abrigava 35 parques nacionais. Agora, essa

nova edição, além de abrangê-los, apresenta ainda a exuberância de regiões privilegiadas de nosso país, de nossa fauna e da nossa flora. Para produzir esse livro, o fotógrafo nascido em Santos, litoral sul do Estado de São Paulo, percorreu 300 mil quilômetros e produziu mais de 30 mil imagens dos parques nacionais, em uma jornada que consumiu 11 anos em viagens, sendo seis meses ininterruptos na Amazônia, e mais três anos até que Alcântara conseguisse editá-lo.

Com 152 fotografias, sendo a metade delas inéditas, a publicação bilíngue (português e inglês) mantém as apresentações do original assinadas por Carlos Moraes e Rubens Fernandes Jr. Como também a capa, na qual uma onça olha fixamente para a objetiva.

Considerado entre os críticos como um dos mais importantes fotógrafos de natureza do país da atualidade, Araquém Alcântara lançou vários livros ao longo de seus quase 40 anos de trajetória profissional nos quais retratou a beleza das paisagens brasileiras, de nossa fauna, da nossa flora e de nossa gente. São imagens deslumbrantes e que quase sempre vêm acompanhadas por denúncias sobre os maus-tratos com o meio ambiente.

Planeta, abr. 2011.

 

Uma das características da tipologia argumentativa presente nesse texto é

A) a apresentação de um ponto de vista.

B) a predominância dos verbos no imperativo.

C) a presença de uma sequência de significados.

D) o discurso direto na fala das personagens.

E) o encadeamento das ações descritas pelos verbos.

 




GABARITO

1 - E;

2 - A;

3 - D;

4 - C;

5 - A.

Reportagem

 GÊNERO TEXTUAL REPORTAGEM Olá, eu sou o professor Alessandro. Na aula de hoje vamos abordar o assunto reportagem. Reportagem é um gênero te...