segunda-feira, 29 de julho de 2019

Funções da Linguagem

O assunto Funções da Linguagem é muito utilizado nas questões do ENEM, embora seja um assunto estudado no primeiro ano do ensino médio. Para os alunos do 3º ano, é sempre bom revisar esse conteúdo, bem como o conteúdo sobre as variedades linguísticas.

De acordo com a visão clássica, para que haja comunicação é necessário que os interlocutores (remetente e destinatário de uma dada mensagem) utilizem um sistema de sinais – o código - devidamente organizado e comum a ambos. A mensagem a ser transmitida refere-se a um contexto e para que chegue ao destinatário necessita de um canal, um meio físico concreto de contato. Veja o esquema a seguir:

Segundo a Teoria da Comunicação proposta por Roman Jakobson em 1969, toda mensagem tem uma finalidade predominante que pode ser a transmissão de informação, o estabelecimento puro e simples de uma relação comunicativa, a expressão de emoções, e assim por diante. O conjunto dessas finalidades tem sido entendido sob o rótulo geral de funções da linguagem. As seis funções são:
1. Função referencial (ou denotativa)
É aquela centralizada no referente, pois o emissor oferece informações da realidade. Objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a terceira pessoa do singular. Essa linguagem é usada na ciência, na arte realista, no jornal, no “campo” do referente e das notícias de jornal e livros científicos.
Ex: Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma maçã vermelha e uma pêra.
2. Função emotiva (ou expressiva)
É aquela centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela prevalece a primeira pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor.
Ex: Muito obrigada, não esperava surpresa tão boa assim! Não,... não estou triste, mas também não quero comentar o assunto.
3. Função apelativa (ou conativa) 
É aquela que se centraliza no receptor; o emissor procura influenciar o comportamento do receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além de vocativos e imperativos. É usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor.
4. Função Fática
É aquela centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a eficiência do canal.
Ex: - Olá, como vai, tudo bem?
- Alô, quem está falando?
5. Função poética
É aquela centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de música e em algumas propagandas.
Ex: Tecendo a manhã (João Cabral de Melo Neto) “Um galo sozinho não tece uma manhã:/ele precisará sempre se outros galos[...]”
6. Função metalinguística
É aquela centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os dicionários são repositórios de metalinguagem.
Ex: - Não entendi o que é metalinguagem, você poderia explicar novamente, por favor? - Metalinguagem é usar os recursos da língua para explicar alguma teoria, um conceito, um filme, um relato, etc.


Atividades de Redação


Leia com atenção o texto seguinte: O impensável

O inimaginável acontece. Supera nossa capacidade de prever o pior. Conduz-nos até a borda do real e nos abandona ali, pasmos, incapazes de representar mentalmente o atroz. O pior pesadelo do escritor Primo Levi, em Auschwitz, era voltar para casa e não encontrar quem acreditasse no horror do que ele tinha a contar.
Acreditar no horror exige imaginá-lo de perto e arriscar alguma identificação com as vítimas, mesmo quando distantes de nós. Penso no assassinato dos cidadãos cariocas David Florêncio da Silva, Wellington Gonzaga Costa e Marcos Paulo da Silva por 11 membros do Exército encarregados de proteger os moradores do morro da Providência. Assassinados por militares, sim, pois não há diferença entre executar os rapazes e entregá-los à sanha dos traficantes do morro rival.
A notícia é tão atroz que o leitor talvez tenha se inclinado a deixar o jornal e pensar em outra coisa.
Não por insensibilidade ou indiferença, quero crer, mas pela distância social que nos separa deles, abandonamos mentalmente os meninos mortos à dor de seus parentes. Abandonamos os familiares que denunciaram o crime às possíveis represálias de outros ―defensores da honra da instituição‖. Desistimos de nossa indignação sob o efeito moral das bombas que acolheram o protesto dos moradores do Providência.
Nós, público-alvo do noticiário de jornais e TV, que tanto nos envolvemos com os assassinatos dos ―nossos‖, viramos a página diante da morte sob tortura de mais três rapazes negros, moradores dos morros do Rio de Janeiro. É claro que esperamos que a justiça seja feita. Mas guardamos distância de um caso que jamais aconteceria com um de nós, com nossos filhos, com os filhos dos nossos amigos.
O absurdo é uma das máscaras do mal: tentemos enfrentá-lo. Façamos o exercício de imaginar o absurdo de um crime que parece ter acontecido em outro universo. Como assim, demorar mais do que cinco minutos para esclarecer a confusão entre um celular e uma arma? E por que a prisão por desacato à autoridade? Os rapazes reclamaram, protestaram, exigiram respeito — ou o quê? Não pode ter sido grave, já que o superior do tenente Ghidetti liberou os acusados.
Mas o caso ainda não estava encerrado? O tenente, que não se vexa quando o Exército tem que negociar a ―paz‖ no morro com os traficantes, se sentiu humilhado por ter sido desautorizado diante de três negros, mais pés-de-chinelo que ele? Como assim, obrigá-los a voltar para o camburão — até o morro da Mineira? Entregues nas mãos dos bandidos da ADA em plena luz do dia, como um ―presentinho‖ para eles se divertirem? Era para ser ―só uma surra‖? Como assim?
Imaginaram o desamparo, o desespero, o terror? Não consigo ir adiante e imaginar a longa cena de tortura que conduziu à morte dos rapazes. Mas imagino a mãe que viu seu filho ensanguentado na delegacia e não teve mais notícias entre sábado e segunda-feira. E que depois reconheceu o corpo desfigurado, encontrado no lixão de Gramacho. Imagino a cena que ela nunca mais conseguirá deixar de imaginar: as últimas horas de vida de seu menino, o desamparo, o pânico, a dor.
―Onde o filho chora e a mãe não escuta‖ era como chamávamos as dependências do Doi-Codi onde tantos morreram nas mãos de torturadores.
Ainda falta imaginar a promiscuidade entre o tenente, seus subordinados e os assassinos do morro da Mineira: o desacato à autoridade é crime sujeito a pena de morte e a tortura de inocentes é objeto de cumplicidade entre traficantes e militares? Claro, os traficantes serão mortos logo pelo trabalho sujo do Bope. Se outros cidadãos morrerem por acidente, azar; são as vicissitudes da vida na favela.
Quando membros corruptos da PM carioca mataram a esmo 30 cidadãos em Queimados, houve um pequeno protesto em Nova Iguaçu. Cem pessoas nas ruas, familiares dos mortos, nada mais. Nenhum grupo pela paz foi até lá. Nenhuma Viva Rio reuniu gente de branco a marchar em Ipanema. Ninguém gritou ―basta!‖ na zona sul. Não é a mesma cidade, o mesmo país. Não nos identificamos com os absurdos que acontecem com eles.
Não haverá um freio espontâneo para a escalada da truculência da Polícia e do tráfico, nem para o franco conluio entre ambos (e, agora, membros do Exército) que vítima, sobretudo, cidadãos inocentes. Não haverá solução enquanto a outra parte da sociedade, a chamada zona sul — do Rio, de São Paulo, de Brasília e do resto do país —, não se posicionar radicalmente contra essa espécie de política de extermínio não oficial, mas consentida, a que assistimos incrédulos, dos negros pobres do Rio.
Maria Rita Kehl, psicanalista e ensaísta, autora do livro Sobre Ética e Psicanálise (Cia. das Letras, 2002). Folha de S. Paulo, 22/6/2008.
Com base na leitura, responda às seguintes questões:

01. Qual o tema abordado no texto?

02. Qual o ponto de vista defendido pela autora?

03. Ao defender seu ponto de vista sobre o tema abordado, que recursos (informações, fatos, opiniões, argumentos) foram utilizados pela autora? Relacione-os.

04. Que proposta de intervenção a autora elaborou para o problema abordado no texto?

05. A seguir, elaboramos o título e o parágrafo introdutório (tese) de um texto dissertativo. Você deverá desenvolvê-lo e concluí-lo. Apresentamos também sugestões de desenvolvimento e conclusão. Fique à vontade para aproveitar ou não as ideias sugeridas. O importante é que você utilize argumentos que sustentem a tese proposta, além de uma conclusão apropriada.

Polícia: proteção ou ameaça?
O segredo da autoridade não é a força, e sim o prestígio moral, afirmou Alceu de Amoroso Lima. Contrariando essa assertiva, policiais brasileiros têm protagonizado uma sucessão de episódios que vão desde crimes diversos até chacinas, revelando um total despreparo psicológico e social.  


Sugestões de desenvolvimento:
Abuso de autoridade.
Participação em crime organizado (sequestros, tráfico de drogas).
Torturas, maus-tratos, humilhação – métodos de investigação.
Corrupção (subornos).
Despreparo psicológico, baixos salários, pouco ou nenhum treinamento.
Reflexo da sociedade descontrolada.
Impunidade (polícia julga polícia), corporativismo.
Perda da credibilidade.
População duvida da integridade da polícia.


Sugestões de conclusão:
Prestígio moral – como readquiri-lo?
Treinamento, fiscalização, punição efetiva dos policiais criminosos.







Reportagem

 GÊNERO TEXTUAL REPORTAGEM Olá, eu sou o professor Alessandro. Na aula de hoje vamos abordar o assunto reportagem. Reportagem é um gênero te...