Leia
o texto abaixo e responda.
Burro-sem-rabo
São dez horas da manhã. O carreto que contratei para transportar
minhas coisas acaba de chegar.
Vejo sair a mesa, a cadeira, o arquivo, uma estante, meia dúzia de
livros, a máquina de escrever. Quatro retratos de criança emoldurados. Um
desenho de Portinari, outro de Pancetti. Levo também este cinzeiro. E este
tapete, aqui em casa ele não tem serventia.
E esta outra fotografia, ela pode fazer falta lá.
A mesa é velha, me acompanha desde menino: destas antigas, com uma
gradinha de madeira em volta, como as do tabelião do interior. Gosto dela:
curti na sua superfície muita hora de estudo para fazer prova no ginásio;
finquei cotovelos em cima dela noites seguidas, à procura de uma ideia. Foi de
meu pai. É austera, simpática, discreta, acolhedora e digna: lembra meu pai.
Esta cadeira foi de Hélio Pellegrino, que também me acompanha
desde menino: é giratória e de palhinha. Velha também, mas confortável como as
amizades duradouras.
Mandei reformá-la e tem prestado serviços, inspirando-me sempre a
sábia definição de Sinclair Lewis sobre o ato de escrever: é a arte de
sentar-se numa cadeira.
E lá vai ele, puxando a sua carroça, no cumprimento da humilde
profissão que lhe vale o injusto designativo de burro-sem-rabo. Não tenho mais
nada a fazer, vou atrás.
Vou atrás das coisas que ele carrega, as minhas coisas; parte de
minha vida, pelo menos parte material, no que sobrou de tanta atividade
dispersa: o meu cabedal. [...]
SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. Rio de Janeiro: Ed.
do autor, 1962, p. 10-12.
QUESTÃO 01 - O trecho que indica que o narrador era escritor é:
A) “a mesa, a cadeira, o arquivo”.
B) “uma estante, meia dúzia de livros”.
C) “como as do tabelião do interior”.
D) “muita hora de estudo”.
E) “à procura de uma ideia.”.
Leia o texto abaixo.
A
vida sem casamento
Afinal,
o que as mulheres querem? No campo das aspirações femininas mais fundamentais,
essa é uma pergunta facílima de responder. Por razões sociais, culturais e
biológicas, a maioria absoluta das mulheres aspira a encontrar um companheiro,
casar-se, construir família e, por intermédio dos filhos, ver cumprido o
imperativo tão profundamente entranhado em seu corpo e em sua psique ao longo
de centenas de milhares de anos de história evolutiva.
A
diferença a que se assiste hoje é que não existe mais um calendário fixo para
que isso aconteça. A formidável mudança que eclodiu e se consolidou ao longo do
ultimo século, com o processo de emancipação feminina, o acesso à educação e a
conquista do controle reprodutivo, permitiu a um número crescente de mulheres
adiar a “ programação” materno-familiar. As mulheres que dispõem de autonomia
econômica e vida independente não são mais consideradas balzaquianas aos 30
anos – apenas 30 anos! - , encalhadas aos 35 e aos 40, reduzidas
irremediavelmente à condição de solteironas, quando não agregadas de baixíssimo
status social, melancolicamente mexendo tachos de comida para os sobrinhos nas
grandes cozinhas das famílias multinucleares do passado.
Imaginem
só chamar de titia uma profissional em pleno florescimento, com um ou mais
títulos universitários – e um corpinho bem-cuidado que enfrenta com honras o
jeans de cintura baixa ou o biquíni nos intervalos dos compromissos de trabalho.
Além de fora de moda, o termo pode ser até ofensivo. O contraponto a esses
avanços é que, quanto mais as mulheres prorrogam o casamento, mais se
candidatam a uma vida inteira sem alcançá-lo.
Bel
Moherdani. Revista Veja. 29 Novembro 2006 (Fragmento)
QUESTÃO 02 - A
principal informação desse texto é que as mulheres
A) aspiram casar-se e construir
família.
B) desejam, através de seus filhos,
perpetuar a evolução.
C) dispõem de autonomia econômica.
D) enquanto avançam no
profissional, adiam o casamento.
E) tem se preocupado mais com a forma
física.
Leia o texto abaixo.
A
morte do jangadeiro
Ao
sopro do terral abrindo a vela,
Na
esteira azul das águas arrastada,
Segue
veloz a intrépida jangada
Entre
os uivos do mar que se encapela.
Prudente,
o jangadeiro se acautela
Contra
os mil acidentes da jornada;
Fazem-lhe,
entanto, guerra encarniçada
O
vento, a chuva, os raios, a procela.
Súbito,
um raio o prostra e, furioso,
Da
jangada o despeja na água escura;
E,
em brancos véus de espuma, o desditoso.
Envolve
e traga a onda intumescida,
Dando-lhe,
assim, mortalha e sepultura
O
mesmo mar que o pão lhe dera em vida.
Padre
Antonio Tomás.
QUESTÃO 03 - Infere-se
desse poema que os perigos oferecidos pelo mar são
A)
ditosos.
B)
envolventes.
C) inúmeros.
D)
pequenos.
E)
simples.
Leia o texto abaixo.
As
enchentes de minha infância
Sim,
nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu
invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o
rio. Como a casa dos Martins, como a casa dos Leão, que depois foi dos
Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio.
Quando
começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde
chegara a enchente. As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca
dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo
porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a
família defronte teve medo.
Então
vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de
arrumar camas nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as
pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava
café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo nosso
porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais.
Sim, éramos a favor da enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal
saltando da cama, íamos correndo para ver que o rio baixara um palmo — aquilo
era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a cavalo
dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas
nas cabeceiras, então
dormíamos
sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos sempre que aquela fosse
a maior de todas as enchentes.
BRAGA,
Rubem. Ai de ti, Copacabana. 3. ed. Rio de Janeiro, 1990.
QUESTÃO 04 - Com
base nesse texto, observa-se que o autor lembra mais fortemente
A)
da casa em que morou.
B)
da casa dos Martins.
C) das enchentes da infância.
D)
do café tarde da noite.
E)
dos colegas de infância.
Leia o texto abaixo.
Anúncio
do zoornal I
Troca-se
galho d’árvore
novo
em folha, vista pra mata
por
um cacho de banana
da
terra, nanica ou prata.
CAPARELLI,
Sérgio.
QUESTÃO 05 - Infere-se
desse texto que quem faz a proposta da troca é um
A)
cachorro.
B)
homem.
C)
leão.
D) macaco.
E)
pássaro.
GABARITO
1 - E;
2 - D;
3 - C;
4 - C;
5 - D.
Por que na terceira questao tem uma opçao marcada com branco
ResponderExcluirIsso ocorreu durante a postagem, mas não deve ser levado em consideração.
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