Leia o
poema “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias, para responder às questões 01, 02
e 03:
Conheces o país onde
florescem as laranjeiras?
Ardem na escura
fronde os frutos de ouro...
Conhecê-lo? – Para
lá, para lá, quisera eu ir.
Goethe (*)
CANÇÃO
DO EXÍLIO
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossas flores têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha
terra tem primores,
Que tais
não encontro eu cá;
Em cismar
– sozinho, à noite,
Mais
prazer encontro eu lá;
Minha
terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem que ainda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."
(Gonçalves Dias)
Coimbra, julho de
1843.
Cismar: pensar com
insistência.
Primor: beleza, encanto.
(*)
A epígrafe desse poema – traduzida por Manuel Bandeira – foi retirada da balada
“Mignon”, do alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749 – 1832), um dos maiores
representantes do Romantismo europeu.
QUESTÃO
01 – Marque
somente a alternativa em que a informação não está relacionada ao poema:
A) Uso da palavra mais para intensificar as características positivas da pátria, em comparação
com a terra estrangeira.
B) Idealização do Brasil por alguém que se encontra
exilado em outro país.
C) Presença de ironia ao se referir à terra estrangeira.
D) Patriotismo e valorização da flora e da fauna
brasileiras.
E) Expressão de nostalgia, de orgulho e de medo de
não retornar à pátria.
QUESTÃO
02 – No poema de Gonçalves Dias, o exílio é voluntário ou político? Explique com citação de pelo menos um verso (uma linha) do poema.
QUESTÃO
03 – No Brasil, a primeira geração romântica tomou
impulso pela independência do Brasil, em 1822. Por isso, Gonçalves Dias, ao
tratar do Brasil no poema canção do exílio, o faz de maneira idealizada, sem
levar em consideração os problemas sociais pelos quais o país perpassava. Essa
visão idealizada da pátria também pode ser encontrada em textos contemporâneos.
Nesse sentido, marque somente a alternativa na qual o gênero textual apresenta
uma imagem idealizada do Brasil.
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
Ó Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
C) O governo brasileiro vem dando a crise como
superada no Brasil. No entanto, todas as mazelas decorrentes do capitalismo no
país - miséria, desnutrição, analfabetismo, falta de moradia e de saúde
pública, concentração fundiária - seguem de vento em popa e mesmo os efeitos
desta última manifestação da crise estrutural capitalista podem não estar de todo
mitigados, uma vez que ela não foi precipitada aqui e o país pode sofrer com
uma possível nova manifestação, em ondas, da mesma.
D) O Brasil tem muitos problemas além da
pandemia, a começar pela corrupção sistêmica que afeta todas as instituições
sociais.
E)
QUESTÃO 04 – Além da visão
perfeita do Brasil, os românticos da primeira geração também idealizaram o
índio, transformando-o em um herói nacional, forte, nobre, corajoso em que o
único medo que possui é fugir da morte. Leia o poema a seguir e, em seguida,
retire pelo menos dois versos os quais comprovem essa visão romântica sobre o
indígena brasileiro.
I
Não chores, meu
filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
II
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
III
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
V
E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.
VI
Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.
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