Gari do Rio acha fortuna
e devolve
Numa época em que escândalos de corrupção dão o tom dos noticiários
brasileiros, três funcionários da limpeza urbana carioca deram exemplo de
honestidade. Durante a Eco-92, quando trabalharam no Riocentro, eles acharam e
devolveram duas carteiras com cerca de R$ 115 milhões de dólares e cheques de
viagem e uma pulseira de ouro.
Os três funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana integraram
a
equipe escalada para manter limpo o complexo do Rio centro, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), durante a conferência mundial que reuniu cerca de 110 chefes de Estado e de governo em 15 dias de debates sobre o futuro do planeta.
equipe escalada para manter limpo o complexo do Rio centro, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), durante a conferência mundial que reuniu cerca de 110 chefes de Estado e de governo em 15 dias de debates sobre o futuro do planeta.
A dois dias do encerramento da Eco, em 12 de junho, Joilson Fernandes
Lírio, 33, encontrou uma carteira com R$ 105.000,00 mil, quando recolhia papéis
no plenário principal do centro de convenções. “Na hora, vi que tinha dinheiro
dentro, mas devolvi à recepcionista sem nem contar quanto era”, afirma. A
carteira foi devolvida para um membro da delegação dos EUA minutos depois. Na mesma tarde, outro gari,
Ivanilson José dos Santos, 25, encontrou sobre uma das mesas do plenário outra
carteira cheia de cheques de viagem em um valor aproximado de R$ 10.000,00 mil,
quantia que ele levaria um ano e meio mais ou menos para juntar.
Assim como seu colega, ele entregou a carteira ao primeiro agente de
segurança das Nações Unidas que encontrou. Meia hora depois, um esquecido
ecologista japonês já havia recuperado seus cheques.
No dia seguinte, foi a vez do encarregado de serviços da empresa, Luís
Leitão, 49, recolher no chão do shopping do Rio-centro uma pulseira de ouro
cravejada de brilhantes. No seu caso, a devolução à dona foi imediata, porque a
pulseira acabara de soltar-se do braço de uma integrante da delegação
norte-americana. “Fiquei feliz por ter praticado uma boa ação”, diz Leitão,
lembrando-se dos agradecimentos da turista em um complicado “portunhol”.
Com o fim da conferência, os três voltaram à rotina normal de trabalho
no Setor de Emergência da Zona Oeste em Bangu, onde a reação dos colegas se
divide entre gozações e elogios. “Não estamos pensando em recompensa, mas se
vier uma promoção será uma boa”, disse Ivanildo.
(Folha de São Paulo)
1. Por que os
três garis aparecem no jornal?
2. Como você entende a frase: “Numa época em que
escândalos de corrupção dão o tom dos noticiários brasileiros, três
funcionários da limpeza urbana carioca deram exemplo de honestidade.”
3. Os três garis estão na “contramão da onda da
corrupção”. Qual o significado aqui de “contramão”?
4. Alguns dados sobre a vida dos garis aumentam
ainda mais o mérito da atitude que tiveram. Quais?
5. Como os colegas dos garis receberam a atitude
dos três?
6. Por que alguns colegas dos três funcionários
fizeram gozações com eles?
7. Depois da conferência, para onde voltaram os
três?
8. Que “recompensa” os funcionários estão
aguardando? O que isso vem confirmar sobre eles?
9. O gesto dos garis deveria ser
a atitude natural de qualquer pessoa que encontra um objeto que não lhe
pertence: devolvê-lo ao verdadeiro dono.
Por que nos tempos atuais tal atitude está se tornando cada vez mais rara? Aproveite e dê a sua opinião
sobre o que é possível fazer para diminuir a corrupção – de qualquer natureza –
no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário