quinta-feira, 13 de junho de 2019

Interpretação de Texto I


Leia um fragmento de um texto a seguir para responder às questões propostas.
A ditadura da beleza e a revolução das mulheres (Augusto Cury)

A belíssima Sarah saiu do seu quarto cambaleante e entrou subitamente na ampla sala do apartamento. Seus cabelos longos e encaracolados estavam revoltos, os olhos, fundos, a pele, pálida e a respiração, ofegante. A modelo estava quase irreconhecível. Ao vê-la, Elizabeth, sua mãe, assustou-se. Assombrada, deixou cair a revista das mãos e soltou um grito.
- Sarah! O que aconteceu, minha filha? - Havia um tom desesperado em sua voz.
- Nunca mais perturbarei você. - A voz saiu frágil e pastosa, enquanto a jovem desfalecia nos braços da mãe.
- Sarah! Sarah! Fale comigo! - clamava Elizabeth com o coração palpitando, um nó na garganta e o semblante tenso. Tentou acordar a filha do sono profundo do qual parecia não haver retorno.
Elizabeth colocou Sarah sobre o sofá. Pegou o celular, mas seus dedos trêmulos mal conseguiam digitar os números. A angústia roubara-lhe a coordenação motora. Uma simples tarefa parecia dantesca. Momentos depois, a ambulância chegou. Ao ver o médico e os enfermeiros, Elizabeth bradou:
- Salvem minha filha! - As lágrimas molharam todo o seu rosto. Chorando, ela repetia: - Não a deixem morrer. Por favor, não a deixem morrer...
O médico rapidamente auscultou o coração da moça.
Descompassado, ele ainda batia. A ambulância seguiu célere para o hospital. Alguns momentos podem determinar os capítulos mais importantes de uma vida. Aqueles minutos tiveram um sabor eterno.
O trajeto, que era pequeno, parecia interminável. O som da sirene, que sempre fora desconfortável, agora agredia os ouvidos de Elizabeth.
Ela queria acordar do pesadelo, mas a realidade era crua e angustiante. No outro dia a neve caía suavemente, pousando sobre os galhos das árvores, substituindo as folhas como flocos de algodão, produzindo uma paisagem fascinante. O psiquiatra Marco Polo contemplava a paisagem branquíssima pela vidraça, quando sua secretária veio lhe comunicar que uma mãe, em prantos, desejava falar-lhe. Sempre sensível diante da dor, ele se levantou, foi até a sala de espera, cumprimentou gentilmente a mulher desesperada e pediu-lhe que entrasse.

Elizabeth sentou-se diante dele, olhou-o intensamente, mas estava paralisada e não conseguia pronunciar qualquer palavra. As palavras, porém, eram dispensáveis, pois os músculos contraídos da face acusavam sua angústia, e as lágrimas que desciam pelo rosto, abrindo sulcos na maquiagem, revelavam sua dor. Para Marco Polo, o templo do silêncio era o ambiente mais eloquente para expressar a força dos sentimentos. Por isso, ofereceu-lhe um lenço e também o seu silêncio. O lenço, para que ela enxugasse os olhos, e o silêncio, para permitir-lhe penetrar nas vielas da sua personalidade numa tentativa de enxergar o invisível, o essencial.
Momentos depois, Elizabeth proferiu as primeiras palavras com a voz trêmula:
- Minha filha, Sarah, de 16 anos, tentou desistir da vida. Está internada num hospital. Estou chocada! - Falou como se enfrentasse o mais angustiante terremoto emocional. Abalada, continuou: - Não entendo o seu gesto. Dei tudo para essa menina. Ela foi tratada como uma princesa, mas nada a satisfaz. Ela se traiu e me traiu... – Suas palavras revelavam um sentimento que alternava compaixão e raiva pela atitude da filha.
(...)
- Sarah está no início da carreira de modelo. Tem uma trajetória magnífica pela frente no mundo da moda. Milhares de garotas desejariam estar no lugar dela. Como pode jogar tudo para o alto? - disse, expressando sua perplexidade. E fez ao psiquiatra a pergunta que fazia para si mesma, tentando achar o fio condutor da crise da filha.
- Como é que alguém que foi amada, que teve todos os brinquedos, que não passou por perdas ou privações, uma menina sociável que frequentou festas e se destacou como aluna na escola, pode detestar a si mesma e a vida? Eu não compreendo as reações de Sarah.
(CURY, Augusto. A Ditadura da beleza e a revolução das mulheres)

QUESTÃO 01 – Marque somente a alternativa correta. O título do texto é justificado

A) pela valorização da beleza interior que a mãe estimulou à filha desde criança.
B) pelo fato de só encontrarmos amor nos ideais de beleza na época da ditadura.
C) pelo padrão de beleza que a mãe impôs à filha.
D) pela noção de beleza que o psiquiatra possui.
E) pelo movimento feminista abordado no texto.

QUESTÃO 02 – Marque somente a alternativa que não tem correspondência com o texto lido.

A) Sarah é filha de Elizabeth.
B) Elizabeth é mãe de Sarah.
C) Sarah, apesar de nova, já iniciou a carreira de modelo.
D) Marco Polo é um médico cirurgião.
E) A mãe de Sarah ficou desesperada porque esta tentou se matar.

QUESTÃO 03 – Qual é o tema do texto lido? Explique.


QUESTÃO 04 – Marque somente a alternativa na qual as palavras destacadas são, respectivamente, artigo e pronome oblíquo.

A) O trajeto, que era pequeno, parecia interminável. O som da sirene, que sempre fora desconfortável, agora agredia os ouvidos de Elizabeth.
B) A ditadura da beleza e a revolução das mulheres.
C) O médico rapidamente auscultou o coração da moça.
D) As lágrimas molharam todo o seu rosto. Chorando, ela repetia: - Não a deixem morrer.
E) A ambulância seguiu célere para o hospital.

“Para Marco Polo, o templo do silêncio era o ambiente mais eloquente para expressar a força dos sentimentos. Por isso, ofereceu-lhe um lenço e também o seu silêncio. O lenço, para que ela enxugasse os olhos, e o silêncio, para permitir-lhe penetrar nas vielas da sua personalidade numa tentativa de enxergar o invisível, o essencial.”

QUESTÃO 05 – No fragmento do texto acima, a quem o pronome ela está se referindo?

QUESTÃO 06 – Retire do texto de Augusto Cury pelo menos dois pronomes pessoais e identifique a quem eles estão se referindo.
Leia a letra da canção que tem o mesmo tema do texto de Augusto Cury e, em seguida, responda à questão 07.

Salão de Beleza

Se ela se penteia eu não sei
Se ela usa maquiagem eu não sei
Se aquela mulher é vaidosa eu não sei
Eu não sei, eu não sei

Vem você me dizer que vai a um salão de beleza
Fazer permanente massagem rinsagem
Reflexo e otras cositas más (2x)

Baby você não precisa de um salão de beleza
Há menos beleza num salão de beleza
A sua beleza é bem maior do que qualquer beleza de qualquer salão (2x)

Mundo velho e decadente mundo
Ainda não aprendeu a admirar a beleza
A verdadeira beleza
A beleza que põe mesa
E que deita na cama
A beleza de quem come
A beleza de quem ama
A beleza do erro
Do engano
Da imperfeição
Belle belle como Linda Envangelista
Linda Linda como Isabelle Adjani
Ai bela morena ai morena bela
Quem foi que te fez tão formosa
É mais linda que a rosa
Debruçada na janela

QUESTÃO 07 – Com base no texto de Augusto Cury, explique e sustente o ponto de vista defendido por Zeca Baleiro na seguinte passagem:

Mundo velho e decadente mundo
Ainda não aprendeu a admirar a beleza
A verdadeira beleza



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