sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL PARA CONCURSO

 Atenção, a aula referente a este assunto está disponível no meu canal Professor Alessandro, no link a seguir:

https://youtu.be/e7ZB7POBBKI

Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e outros elementos de sequenciação textual.


CONCEITO DE COESÃO:

O encadeamento, a ligação, a relação, a conexão entre as palavras, expressões, frases do texto, orações, períodos, parágrafos e entre o texto e o contexto.


Mecanismos de coesão

Referencial

Recorrencial

Sequencial

Ocorre quando um elemento do texto refere-se a outro, substituindo-o.

Usamos as classes gramaticais para recuperar certos termos dentro do texto.

A retomada de uma palavra ou expressão tem como objetivo a progressão do texto, introduzindo uma informação nova.

Ocorre quando se usam conjunções, locuções conjuntivas, preposições, locuções prepositivas ou pronomes relativos que normalmente conectam orações dentro do texto, dando sequência à leitura, estabelecendo determinadas relações de sentido e concatenando as ideias dentro dele.

1. Substituição

1.1. Anáfora

1.2. Catáfora

1.3. Elipse

2. Reiteração

2.1. Sinônimos

2.2. Hiperônimos

2.3. Nomes genéricos

2.4. Expressões nominais definidas

2.5. Repetição

1. Retomada de termos

2. Paralelismo

1. Correlação dos tempos verbais

2. Conexão entre orações

3. Conexão entre períodos e entre parágrafos

 

Vamos ver uma questão de concurso de cada banca sobre o assunto coesão textual!

 

Vamos analisar uma questão do Instituto AOCP – AGENTE DE NECROPCIA – 2017 - NÍVEL MÉDIO

Texto com alguns destaques feitos por mim em relação aos elementos coesivos.

 

Cuidar de idoso não é só cumprir tarefa, é preciso dar carinho e escuta

Cláudia Colluci 

A maior taxa de suicídios no Brasil se concentra entre idosos acima de 70 anos, segundo dados recentes divulgados pelo Ministério da Saúde. São 8,9 mortes por 100 mil pessoas, contra 5,5 por 100 mil entre a população em geral. Pesquisas anteriores já haviam apontado esse grupo etário como o de maior risco. Abandono da família, maior grau de dependência e depressão são alguns dos fatores de risco.

Em se tratando de idosos, há outras mortes passíveis de prevenção se o país tivesse políticas públicas voltadas para esse fim. Ano passado, uma em cada três pessoas mortas por atropelamento em São Paulo tinha 60 anos ou mais. Pessoas mais velhas perdem reflexos e parte da visão (especialmente a lateral) e da audição por conta da idade.

Levando em conta que o perfil da população brasileira mudará drasticamente nos próximos anos e que, a partir de 2030, o país terá mais idosos do que crianças, já passou da hora de governos e sociedade em geral encararem com seriedade os cuidados com os nossos velhos, que hoje somam 29,4 milhões (14,3% da população).

Com a mudança do perfil das famílias (poucos filhos, que trabalham fora e que moram longe dos seus velhos), faltam cuidadores em casa. Também são poucos os que conseguem bancar cuidadores profissionais ou casas de repouso de qualidade. As famílias que têm idosos acamados enfrentam desafios ainda maiores quando não encontram suporte e orientação nos sistemas de saúde.

Recentemente, estive cuidando do meu pai de 87 anos, que se submeteu à implantação de um marca-passo. Após a alta hospitalar, foi um susto atrás do outro. Primeiro, a pressão arterial disparou (ele já teve dois infartos e carrega quatro stents no coração), depois um dos pontos do corte cirúrgico se rompeu (risco de infecção) e, por último, o braço imobilizado começou a inchar muito (perigo de trombose venosa). Diante da recusa dele em ir ao pronto atendimento, da demora de retorno do médico que o assistiu na cirurgia e sem um serviço de retaguarda do plano de saúde ou do hospital, a sensação de desamparo foi desesperadora. Mas essas situações também trazem lições. A principal é a de que o cuidado não se traduz apenas no cumprimento de tarefas, como fazer o curativo, medir a pressão, ajudar no banho ou preparar a comida. Cuidado envolve, sobretudo, carinho e escuta. É demonstrar que você está junto, que ele não está sozinho em suas dores.

Meu pai é um homem simples, do campo, que conheceu a enxada aos sete anos de idade. Aos oito, já ordenhava vacas, mas ainda não conhecia um abraço. Foi da professora que ganhou o primeiro. Com o cultivo da terra, formou uma família, educou duas filhas. Lidar com a terra continua sendo a sua terapia diária. É onde encontra forças para enfrentar o luto pelas mortes da minha mãe, de parentes e de amigos. É onde descobre caminhos para as limitações que a idade vai impondo ("não consigo mais cuidar da horta, então vou plantar mandioca").

Ouvir do médico que só estará liberado para suas atividades normais em três meses foi um baque para o meu velho. Ficou amuado, triste. Em um primeiro momento, dei bronca ("pai, a cirurgia foi um sucesso, custa ter um pouco mais de paciência?"). Depois, ao me colocar no lugar desse octogenário hiperativo, que até dois meses atrás estava trepado em um abacateiro, podando-o, mudei o meu discurso ("vai ser um saco mesmo, pai, mas vamos encontrar coisas que você consiga fazer no dia a dia com o aval do médico").

Sim, envelhecer é um desafio sob vários pontos de vista. Mas pode ficar ainda pior quando os nossos velhos não contam com uma rede de proteção, seja do Estado, da comunidade ou da própria família.

Os números de suicídio estão para ilustrar muito bem esse cenário de abandono, de solidão. Uma das propostas do Ministério da Saúde para prevenir essas mortes é a ampliação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). A presença desses serviços está associada à diminuição de 14% do risco de suicídio. Essa medida é prioritária, mas, em se tratando da prevenção de suicídio entre idosos, não é o bastante.

Mais do que diagnosticar e tratar a depressão, apontada como um dos mais importantes fatores desencadeadores do suicídio, é preciso que políticas públicas e profissionais de saúde ajudem os idosos a prevenir/diminuir dependências para que tenham condições de sair de casa com segurança, sem o risco de morrerem atropelados ou de cair nas calçadas intransitáveis, que ações sociais os auxiliem a ter uma vida de mais interação na comunidade. E, principalmente, que as famílias prestem mais atenção aos seus velhos. Eles merecem chegar com mais dignidade ao final da vida.














Gabarito da questão: a)

A próxima questão é do IADES, banca que gosta de mesclar assuntos diversos em uma mesma questão de Língua Portuguesa.

Obs.: Comando adaptado apenas em relação à estrutura!

 

QUESTÃO 05

No que se refere à equivalência e à transformação de estruturas do texto, assinale a alternativa que reescreve o período “Se oficializado pela medicina, o órgão pode ser considerado o maior do corpo humano (título que hoje é da pele).” (linhas de 9 a 11), mantendo a coerência e a coesão da informação.

A) Conforme oficializado pela medicina, o órgão é considerado o maior do corpo humano (título que hoje é da pele).

B) Embora oficializado pela medicina, o órgão será considerado o maior do corpo humano (título que hoje é da pele).

C) Contanto que seja oficializado pela medicina, o órgão poderá ser considerado o maior do corpo humano (título que hoje é da pele).

D) Mesmo que seja oficializado pela medicina, considera-se que ele é o maior órgão do corpo humano (título que hoje é da pele).

E) Quando oficializado pela medicina, o órgão foi considerado o maior do corpo humano (título que hoje é da pele).

Observe que essa questão do IADES aborda outros assuntos: Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto e reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de linguagem, além do assunto coesão textual. Ocorre que a questão aborda mecanismo de coesão textual denominado de sequencial. Assim, a conjunção subordinada adverbial se expressa uma relação semântica de condição entre as duas orações. Para que isso seja mantido, a alternativa C) é a correta.

 

Vamos estudar cada mecanismo a partir de agora!


Coesão referencial

Ocorre quando um elemento do texto refere-se a outro, substituindo-o. Pode ser construída:

1. por substituição (colocação de palavra ou de expressão no lugar de outra, já citada ou ainda por citar), sendo:

1.1. anáfora, quando o item substituído já foi citado. Todos os termos que servem para retomar outros são chamados anafóricos.

E, principalmente, que as famílias prestem mais atenção aos seus velhos. Eles merecem chegar com mais dignidade ao final da vida. Exemplos:

Lidar com a terra continua sendo a sua terapia diária. É onde encontra forças para enfrentar o luto pelas mortes da minha mãe, de parentes e de amigos.

A maior taxa de suicídios no Brasil se concentra entre idosos acima de 70 anos, segundo dados recentes divulgados pelo Ministério da Saúde. São 8,9 mortes por 100 mil pessoas, contra 5,5 (elipse: mortes) por 100 mil entre a população em geral. Pesquisas anteriores já haviam apontado esse grupo etário como o de maior risco. Abandono da família, maior grau de dependência e depressão são alguns dos fatores de risco.

 

Façamos algumas observações em relação ao uso dos anafóricos:

 

1) Embora em geral um anafórico só possa ser utilizado se o termo que ele retomar estiver explicitamente mencionado, admite-se, em casos em que o termo substituído for claramente inferido pelo contexto, que se faça uso de um anafórico. Chamamos de anáfora indireta:

Aperte para terminar

“Acabou”, dizia a mensagem que Mariana recebeu após 4 anos de namoro – ela nunca mais o viu.

Na era da paquera no Tinder, o fim também é virtual.

No texto, o pronome ela promove a retomada do referente Mariana.

Por sua vez, o pronome oblíquo o aponta para o referente namorado de Mariana que não aparece no texto, mas pode ser identificado, pois se encontra ancorado na pista textual namoro que possibilita a inferência.

 

2) Em geral, o artigo indefinido (um, uma, uns e umas) serve para marcar introdução de informações novas, que, uma vez introduzidas, passam a ser acompanhadas pelo artigo definido (o, a, os e as), quando retomadas.

Uma das propostas do Ministério da Saúde para prevenir essas mortes é a ampliação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). A presença desses serviços está associada à diminuição de 14% do risco de suicídio.

3) Em função anafórica, o verbo fazer substitui verbos de ação, e o ser, verbos de estado:

Alessandro, Aquilles e Melri trabalham muito, Arquimedes quase não o faz. (=trabalha).

 

Verdadeiramente, Alessandro ficou muito constrangido com a situação; mas não foi (=ficou) tanto quanto se poderia esperar.

1.2. catáfora, a substituição é feita antecipadamente. Todos os termos que servem para antecipar, anunciar outros são denominados catafóricos.

Exemplos:

 

Estes são os principais mecanismos de coesão textual: referencial, recorrencial e sequencial.

Eu desejo isto para os inscritos no meu canal: estabilidade profissional.

Obs.: São anafóricos e/ou catafóricos os pronomes demonstrativos (este, esse, aquele), os pronomes relativos (que, o qual, cujo, onde), certos advérbios e locuções adverbiais (nesse momento, então, lá etc) e os verbos ser e fazer, o artigo definido, o pronome pessoal de 3ª pessoa (ele/ela;o/a;lhe).

 

 

 1.3. elipse, quando um item já citado é omitido. 

São 8,9 mortes por 100 mil pessoas, contra 5,5  por 100 mil entre a população em geral.

 

                                                                                        

                                                                                  mortes                    pessoas

  2. por reiteração (repetição ou recorrência de palavras ou expressões que têm a mesma referência), utilizando:

Sinônimos, ou seja, palavras ou expressões de sentido semelhante.

Em se tratando de idosos, há outras mortes passíveis de prevenção se o país tivesse políticas públicas voltadas para esse fim. Ano passado, uma em cada três pessoas mortas por atropelamento em São Paulo tinha 60 anos ou mais. Pessoas mais velhas perdem reflexos e parte da visão (especialmente a lateral) e da audição por conta da idade.

Hiperônimos, ou seja, palavras ou expressões de significado mais abrangente:

As doenças respiratórias são enfermidades que atingem os órgãos e as estruturas do sistema respiratório — vias nasais, faringe, laringe, brônquios, traqueia, diafragma, pulmões e alvéolos pulmonares. As mais comuns são: asma, bronquite crônica, pneumonia, rinite alérgica e sinusite.

nomes genéricos, ou seja, palavras ou expressões generalizantes, como fato, acontecimento, ideia, tese, coisa, pessoa etc.:

Há alguns meses foi criado o canal do Youtube Professor Alessandro de Ipixuna. Esse acontecimento está contribuindo para a democratização do conhecimento.

expressões nominais definidas, ou seja, palavras ou expressões de natureza diferente e que dependem do nosso conhecimento de mundo para serem entendidas:

Vinícius de Moraes também foi um grande escritor brasileiro; além de escrever poemas, o Poetinha também se dedicou à música popular

repetições: estão a serviço da criação de um efeito de sentido.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o Mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

Até a próxima aula, não deixe de visitar o meu canal no Youtube. Nele, eu explico pormenorizadamente esse assunto. 





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