Leia a resenha
crítica a seguir para responder às questões 01, 02, 03 e 04.
Autor diz que prevalecem na web linguagem pobre e “recreações
adolescentes”
RAQUEL COZER da Folha de
S. Paulo
O ataque começa já no título. É a “geração mais estúpida”, anuncia “The
Dumbest Generation” (Tarcher, 272 págs.), lançado nos EUA há duas semanas, em
referência a quem nasceu em algum momento das últimas três décadas.
A razão para tal epíteto, ainda mais controversa, é explicitada no
subtítulo: “Como a era digital embasbaca os jovens americanos e põe em risco
nosso futuro. Ou, nunca confie em ninguém com menos de 30”.
Às já bastante vilanizadas telas de TV e de videogames, o autor Mark
Bauerlein junta as telas de computadores e de celulares como as responsáveis
por jovens “superficiais”, incapazes de lembrar (e de dar importância) a fatos
históricos.
“Eles praticamente não leem. Com toda a informação disponível on-line,
como nunca antes na história, eles preferem dedicar uma quantidade
inacreditável de tempo a vasculhar vidas alheias e a expor as suas próprias em
redes de relacionamento como o Facebook e o MySpace”, diz
Bauerlein, 49, à Folha, por telefone, de Atlanta, onde dá aulas de
inglês na Universidade de Emory.
Bauerlein, ex-diretor de pesquisa e análise da Fundação para as Artes
nos EUA, acredita que
o
excesso de informações a que as crianças e os adolescentes têm acesso na rede
faz com que eles percam a capacidade de diferenciar “o significativo do
insignificante” e, com isso, de embasar argumentos.
“Nossa
memória cultural está morrendo”, diz o autor. É uma opinião similar à do
filósofo italiano
Umberto
Eco, que, em entrevista ao jornal espanhol “El País”, afirmou que “a abundância
de informações sobre o presente não permite refletir sobre o passado”.
“Recreações
adolescentes”
“The Dumbest Generation” se levanta contra as “vozes pró-tecnologia”,
que defendem que a navegação na internet seja benéfica à cognição. “A realidade
das práticas na web”, escreve Bauerlein, “é só o que poderíamos esperar:
expressões adolescentes e recreações adolescentes”.
O que ele enxerga como uma dificuldade de absorção de informações entre
os jovens resultaria, também, da leitura não-linear que os sites estimulam.
No livro, Bauerlein fundamenta tal opinião com estudos do instituto de
pesquisas Nielsen, segundo os quais os usuários mais “escaneiam” com os olhos,
do que, propriamente, leem as páginas à sua frente.
“Além disso, sabe-se que, na internet, quanto mais simples a linguagem,
mais os leitores acessam as páginas. O que os jovens leem na rede não lhes
acrescenta nada em termos de gramática, nem de capacidade de elaborar textos”,
diz.
Reações
Nos últimos dias, Bauerlein vem passando mais tempo que de costume em
frente ao computador, para responder, um por um, aos e-mails “raivosos” que têm
abarrotado a caixa de entrada do seu Outlook.
“Li recentemente um artigo no jornal “Boston Globe” sobre seu último
livro e escrevo para lhe dizer que você é um imbecil. Você deve saber disso.
Ninguém, que escreva um livro inteiro baseado na ideia de que uma geração
esteja se tornando idiota por causa da tecnologia, pode
ter
noção da realidade.”
A experiência de ignorar os adjetivos e discutir as “questões
substantivas” com os alvos de sua tese não tem surtido muito efeito. O autor
aprova o debate mesmo assim. “É sinal de que os jovens se importam, de que têm
valores a defender.”
O diálogo que a internet permite rendeu também páginas de comentários de
leitores em sites como o da revista americana “Newsweek”. No último fim
de semana, a publicação esquentou o debate ao lembrar que os mais velhos têm o
costume de lamentar a ignorância dos mais novos, ao menos desde os tempos em
que, na Grécia Antiga, “os admiradores de Sófocles e Ésquilo questionaram a
popularidade de Aristófanes”.
As críticas mais frequentes ao livro de Bauerlein citam os testes de
Quociente de Inteligência. Desde o começo século 20, o QI de crianças e
adolescentes aumenta a cada geração. O conceito de “estúpido” de Bauerlein,
afirma a “Newsweek”, não faz sentido, se forem levados em conta aspectos como a
habilidade de pensar criticamente e de fazer analogias.
“Eles [os críticos] não entenderam o ponto central da discussão”,
defende-se o autor, renegando o viés anacrônico do debate. “[A discussão] não é
sobre as ferramentas da internet em si, mas sobre seu uso. Quando um cientista
diz que a tecnologia desafia as mentes e torna as pessoas mais espertas, ele
está falando do MySpace? Ele sabe que os adolescentes passam muito mais horas
em redes sociais do que estudando?”
Aos detratores, Bauerlein costuma responder com dados oficiais, de
órgãos como o Departamento de Educação americano e o Census Bureau.
Em sites, em resposta aos críticos, despeja uma porção de números
da realidade norte-americana, às vezes aleatoriamente: uma pesquisa de 2006
contabilizou nove horas semanais de adolescentes conectados a redes sociais;
outra constatou que 55% deles dedicam menos de uma hora semanal aos estudos em
casa; uma terceira dá conta de que apenas 6% dos estudantes são considerados
“muito bem preparados para a escrita”...
Quanto ao “estúpido” do título, esclarece Bauerlein, é pura provocação.
“Eu sou professor. Sei
que são
discussões como essa que fazem os jovens pensarem...”
A
respeito da resenha crítica que você acabou de ler, responda:
QUESTÃO
01 – Quem
é o autor da obra?
QUESTÃO
02 – Quem
é o autor da resenha crítica?
QUESTÃO
03 –
Raquel Cozer apresenta, em sua resenha crítica, a TESE/POSIÇÃO defendida por Mark
Bauerlein em seu livro, seguida de JUSTIFICATIVA. Volte ao texto e complete o
quadro abaixo, com os dois componentes básicos da argumentação: TESE e JUSTIFICATIVA.
TESE (ponto de
vista: é apenas um) do autor sobre o uso de tecnologias digitais por adolescentes
americanos. |
Resposta: |
JUSTIFICATIVAS (ARGUMENTOS,
PELO MENOS DOIS):
Respostas:
Argumento
01:
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Argumento
02:
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________
QUESTÃO 04 – Na composição da JUSTIFICATIVA para a defesa de uma TESE/POSIÇÃO, vários tipos de argumentos podem ser utilizados pelo emissor. Confira, no quadro a seguir, alguns tipos de argumentos. Posteriormente, você irá associá-los aos argumentos usados por Bauerlein, na defesa de sua tese sobre o uso de tecnologias digitais por adolescentes americanos.
Argumento
por citação: faz
referência a depoimentos, citações de pessoas respeitadas no assunto, retiradas
de outras fontes.
Argumento
por comprovação: faz referência a dados estatísticos; percentuais acompanham o argumento.
Argumentação
por exemplificação: baseia-se em fatos concretos, não em impressões pessoais.
Retire
da resenha um exemplo de cada argumento a seguir:
a)
Argumento por citação:
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