segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Atividade sobre Estratégias Argumentativas


Ao lidarmos com textos argumentativos, seja na sua leitura, seja na sua produção, devemos ter em mente que sua finalidade é defender uma tese. Esta é justificada com base em argumentos construídos por meio de relações entre fatos, dados e opinião. Essas relações, por sua vez, podem ser estabelecidas por meio de variadas estratégias de argumentação, presentes, em especial, no DESENVOLVIMENTO do texto. Dentre essas estratégias, podemos destacar algumas:
Citação de autoridade – quando se insere no texto a voz de algum especialista no assunto tratado, para reforçar a ideia defendida.
Exemplificação – quando se insere no texto algum fato que reforce a ideia defendida.
Citação de dados quantitativos – quando se insere no texto algum dado, proveniente de pesquisas (dados percentuais, por exemplo) que favoreçam a ideia defendida.
Comparação ou confrontação – quando dois fatos ou dados são analisados, em suas semelhanças e/ou diferenças, de modo a favorecer a ideia defendida.
Relações lógicas (causa/ efeito) – quando são utilizados métodos de raciocínio lógico para relacionar fatos e dados a suas causas.
Tendo esses conceitos em mente, você lerá a redação a seguir, elaborada para o Enem 2005, cujo tema era a exploração do trabalho infantil. Leia-a com atenção, observando as estratégias argumentativas utilizadas, e depois responda às questões.

SAINDO MAL NA FOTO
O cenário é cruel. Os personagens, inocentes. A causa é a mesma. Nos campos, nas minas e nos prostíbulos, a realidade de algumas crianças ainda são retratos amarelados que as elites e a sociedade brasileira tentam esconder em gavetas. Uma atrocidade social. O fato é que o trabalho infantil representa o assassinato do futuro de pessoas sem passado. Entretanto, infelizmente, para esse crime, retrato falado não há.
Primeiramente, é importante observar o reflexo da desigualdade social do país na inserção da mão-de-obra infantil no mercado de trabalho. Com a segunda pior distribuição de renda do mundo, o Brasil revela-se um reprodutor das assimetrias sociais, na medida em que o não investimento em educação implica a não qualificação dos pais e a má remuneração dos mesmos. Nesse sentido, o trabalho infantil torna-se a saída encontrada como fonte de complementação da renda familiar. Assim, a evasão escolar ocorre e o país mantém sua mediocridade diante da criação de círculos viciosos de miséria, abnegando-se de seu desenvolvimento.
Além disso, cabe ressaltar a função do Estado na manutenção dessa triste realidade. Apoiado pela certeza da impunidade, o poder público privilegia os interesses de grupos privilegiados tradicionais, ao garantir a maximização dos lucros dessa minoria. A falta de mecanismos de fiscalização e de monitoramento das leis constitui o incentivo à continuidade do uso da mão-de-obra infantil, explorada por ser mais barata e menos consciente de seus direitos. A infância é perdida em favor do capital. 
Vale analisar, ainda, a postura passiva da população diante de problemas distantes da mesma. Citando Eça de Queiroz, "Dói mais uma dor de dente que uma guerra na China". Nesse âmbito, o déficit educacional do país é o principal culpado por esse crime. De fato, a não oportunidade de acesso a uma educação baseada na transferência de valores ligados ao compromisso social e à cidadania reflete a despreocupação da sociedade em relação ao outro. Dessa forma, a tomada de iniciativa em favor do combate ao trabalho infantil é prejudicada, e a maior vítima, além das crianças, é o próprio país, que assina embaixo de sua condição como periferia.
 O trabalho infantil no Brasil apresenta sua face mais perversa, portanto, na medida em que o Estado, a sociedade e até mesmo a família omitem-se de uma postura mais ativa em prol da causa. Faz-se indispensável haver, em nível estrutural, um combate à impunidade, além de uma reforma educacional, para permitir a consciência nas urnas e nas ações individuais. Por enquanto, a mobilização da sociedade civil por meio de ONGs e de pressão política é necessária, a fim de que a fotogenia da realidade infantil não seja mais uma farsa das elites.

QUESTÃO 1: O primeiro parágrafo do texto introduz o TEMA tratado e, ao mesmo tempo, o delimita, isto é, indica que aspectos específicos do tema serão abordados.
a) Qual foi a estratégia utilizada para introduzir o tema?
b) Que aspecto do tema o autor escolheu discutir?

QUESTÃO 2: Observe que o DESENVOLVIMENTO do texto contém três parágrafos e que cada um deles é iniciado por uma frase que apresenta o que vai ser discutido. Podemos chamar esse tipo de frase de “tópico frasal”. Sabendo disso:
a) Identifique cada tópico frasal nos parágrafos de desenvolvimento.
b) O que cada um desses parágrafos apresenta como argumento em relação ao recorte temático feito na Introdução?

QUESTÃO 3: Identifique, no segundo parágrafo do texto, um trecho em que o autor usa a citação de dado quantitativo como estratégia argumentativa. Explique o efeito que o uso dessa estratégia confere à argumentação.

QUESTÃO 4: Que estratégia argumentativa é predominante no texto? Exemplifique.

QUESTÃO 5: Quais expressões foram utilizadas para estabelecer uma ligação entre os parágrafos de desenvolvimento?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Reportagem

 GÊNERO TEXTUAL REPORTAGEM Olá, eu sou o professor Alessandro. Na aula de hoje vamos abordar o assunto reportagem. Reportagem é um gênero te...