CONCEITO
A dissertação é um texto que se caracteriza por
analisar, explicar, interpretar e avaliar os vários aspectos associados a uma
determinada questão. A finalidade da dissertação, portanto, é explicitar um
ponto de vista claro e articulado sobre um tema específico. Em alguns casos,
além da análise cuidadosa e detalhada de um tema, espera-se que o texto também
apresente os argumentos para a defesa de um ponto de vista (tese). Quando isso
ocorre, tem-se a dissertação-argumentativa.
CONTEXTO DE CIRCULAÇÃO
Seu
contexto de produção faz com que fique restrita aos espaços escolares e
universitários, onde é prioritariamente utilizada para avaliar a capacidade de
exposição e argumentação dos alunos.
O LEITOR DA DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA
Pela
natureza expositiva e argumentativa associada a esse gênero, espera-se que a
dissertação-argumentativa tenha como interlocutor um leitor de perfil
universal.
Ao
escrever seu texto para um leitor universal, o autor busca garantir que o texto
não seja caracterizado por uma perspectiva muito subjetiva, para não
comprometer seu objetivo de fazer com que os leitores encarem a análise exposta
ou defendida como uma reflexão marcada pelo bom senso e pela razão.
A
dissertação-argumentativa deve apresentar um discurso generalizante dirigido a
um interlocutor de perfil genérico.
ESTRUTURA
A
estrutura da dissertação-argumentativa apresenta uma introdução, um desenvolvimento
e uma conclusão. Na
introdução, deve-se inserir a tese ou o ponto de vista. No desenvolvimento, estarão
os argumentos que sustentarão o ponto de vista citado na introdução. Na
conclusão, especialmente para a prova do ENEM, deve-se apresentar a proposta de
intervenção social. Nesse sentido, a dissertação-argumentativa precisa ter, no
mínimo, três parágrafos, para que o candidato não zere a prova de redação. O
ideal, porém, é que a redação apresente mais de três parágrafos. Vamos analisar
esses três componentes por meio de exemplos.
Título: opcional no ENEM. Apresentação concisa
da tese a ser defendida no texto.
LINGUAGEM
Por ser um texto que se desenvolve por meio da análise de diversos
aspectos associados à questão central, a dissertação-argumentativa apresenta
algumas características bem definidas em relação à linguagem.
A primeira observação a ser feita diz respeito ao uso dos verbos. O presente do Indicativo predomina em textos expositivos e
argumentativos. Releia e observe.
“De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, é na infância que os indivíduos passam pelo processo de socialização, ou seja, adquirem os valores morais e éticos
da sociedade em que se encontram.
Se, nesse período, a criança for
bombardeada por uma série de propagandas ideológicas, ela pensará que a felicidade
só pode ser alcançada ao lanchar em
determinado restaurante, ao adquirir determinado brinquedo ou ao vestir
determinadas roupas. Há, portanto, a
necessidade de banir quaisquer tipos de publicidade que utilizem a ingenuidade
infantil para a obtenção de um maior mercado consumidor.”
O presente do Indicativo não
tem, no caso de uma análise ou defesa de ponto de vista, uma conotação
temporal, ou seja, ele não faz referência a acontecimentos que ocorrem no
momento da enunciação. Sua função é permitir a generalização própria do
encaminhamento analítico. Nesse sentido, assume um valor atemporal.
Outra característica distintiva da linguagem das dissertações é a
preferência por substantivos abstratos. Isso se explica pela
necessidade que temos, quando analisamos, de definir, de comparar, de
argumentar, sempre buscando a construção de um discurso mais generalizante.
Também como uma necessidade decorrente da construção de um
discurso mais abrangente, deve-se evitar o uso das formas de 1ª pessoa no texto
dissertativo-argumentativo. Esse cuidado se explica pelo desejo de fazer com
que o texto seja encarado não como expressão de um olhar subjetivo, particular,
mas sim como uma argumentação racional, válida para todas as pessoas.
Pelo mesmo motivo, espera-se que as dissertações sejam redigidas
respeitando as regras da variedade escrita de prestígio do português.
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